sexta-feira, 27 de junho de 2008

Com uma trava nas costas

Olá galera Yrunning, blogueiros, visitantes e corredores.
Na reportagem dessa semana, um assunto que é muito importante para os corredores. A nossa coluna vertebral. Vejam abaixo a matéria publicada pelo laboratório Fleury.


Autor: Solange Arruda

80% das pessoas já sentiram ou sentirão dores nas costas em algum momento da vida. Saiba o que desencadeia a condição e como fazer para ficar entre os 20% que nunca vão ter essa queixa.
Se você nunca passou por uma situação semelhante, é bastante provável que já tenha presenciado cena parecida. Uma pessoa se abaixa para pegar algo no chão ou se levanta da cadeira e simplesmente pára no meio do caminho. Expressão de sofrimento estampada no rosto, costuma resumir o fato a um verbo: “travei!”. Essa é a descrição da incapacitante lombalgia, uma dor localizada na região inferior das costas e que afeta milhões de indivíduos no mundo todo.
De acordo com o professor de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), dr. Jamil Natour, 80% das pessoas já tiveram ou terão essa dor em algum momento da vida. “No Brasil, não há estatísticas exatas, mas a lombalgia é o segundo motivo de consulta médica no geral, superada apenas pelo resfriado comum”, assinala o médico, que também é chefe do Setor de Coluna Vertebral, Procedimentos e Reabilitação em Reumatologia da Unifesp.
A causa mais freqüente da condição é a mecânico-postural, relacionada com sobrecarga de estruturas da coluna, como os ligamentos e os músculos (veja no final do texto em cor vermelha). Segundo o médico radiologista do Fleury e especialista na área Ortopédica, dr. Abdalla Skaf, essa lesão na região pode ocorrer pela prática exagerada de exercícios físicos, sem orientação de especialista, e pela permanência, durante longos períodos, numa mesma posição. Outro fator de risco é o sobrepeso. “Cada quilo a mais equivale a cerca de quatro quilos de carga adicional na coluna vertebral”, avisa o dr. Skaf. Para completar, lembra o radiologista, a contratura muscular também provoca dor lombar – depois de um movimento qualquer, um músculo que não estava aquecido se contrai e impede que o indivíduo retome sua postura normal.
Se essas razões são corriqueiras, o que explica, em parte, a constância das queixas de lombalgia, existem doenças que acometem a coluna vertebral, gerando dor. É o caso das artrites, que nada mais são do que a inflamação das articulações do corpo, assim como do processo degenerativo de desgaste das cartilagens, conhecido como artrose. “Também é possível que doenças que não são da coluna se apresentem como lombalgia, como as cólicas renais”, lembra o dr. Natour.
Evidentemente, a condição ainda decorre de afecções primárias da própria coluna, a exemplo da hérnia de disco. Nesses casos, esclarece o dr. Skaf, uma parte do disco que existe entre as vértebras se desloca e sai do lugar. “Se ele comprimir as raízes nervosas, em vez de lombalgia, será uma lombociatalgia, ou seja, aquela dor que se irradia para uma das pernas, envolvendo toda a região do nervo ciático”, explica o radiologista do Fleury.
Entenda a coluna vertebralO radiologista Abdalla Skaf, do Fleury, explica que a coluna vertebral se compõe de vértebras que são separadas por discos, os quais funcionam como os amortecedores de impacto e carga. O segmento anterior da coluna está preparado para suportar peso, absorver choque e ter flexibilidade. Já o segmento posterior contém as estruturas nervosas – a medula e as raízes – e um par de articulações que orientam os movimentos de cada unidade. Para completar, há ligamentos que dão sustentação ao conjunto e, claro, músculos. Com essa complexidade, não é de estranhar que as lombalgias sejam quase tão comuns quanto os resfriados.
As dores agudas nas costas podem curar espontaneamente, mas é sempre bom procurar uma avaliação médica.Problema de saúde públicaAs dores nas costas podem ser agudas, quando começam subitamente e, em geral, provêm de movimentos bruscos, ou então, crônicas, quando passam de três meses, têm início impreciso e períodos variados de melhora e piora. “As lombalgias crônicas representam o verdadeiro problema de saúde pública, por se tratar de uma grande causa de afastamento do trabalho e de gastos do sistema de saúde”, avalia o dr. Natour.
Para não deixar a situação chegar a esse ponto, vale o mesmo princípio aplicado a qualquer queixa de saúde. Quanto mais cedo se procura um serviço médico, melhor, apesar de não ser o tipo de dor que as pessoas conseguem deixar para lá. Entretanto, “em 80% dos casos, as lombalgias agudas se curam espontaneamente em até seis semanas”, avisa o professor da Unifesp. Além de prescrever a conduta mais apropriada a cada caso, o fato é que apenas um médico pode afastar a hipótese de a origem da dor ser uma doença.
Segundo o dr. Natour, o diagnóstico da condição é clínico e, portanto, exige uma boa consulta médica. Os métodos de imagem, como uma radiografia simples ou uma ressonância magnética da coluna, servem para confirmar a hipótese formulada durante a avaliação. De qualquer maneira, frisa o reumatologista, não existe um exame que seja mais recomendado que outro.
“Depende da informação desejada”, diz. Conforme explica o dr. Skaf, do Fleury, a radiografia mostra alterações na parte óssea da coluna, enquanto a ressonância evidencia de forma mais adequada comprometimentos de estruturas não-ósseas, como os discos intervertebrais e os nervos. Uma vez fechado o diagnóstico, o tratamento das lombalgias agudas – que não têm como causa nenhuma doença – é feito com analgésicos, antiinflamatórios e repouso. “Ao repousar, a pessoa deve se deitar de lado ou de barriga para cima, sempre com as pernas flexionadas para retificar a coluna”, adiciona o dr. Skaf.
Já nas lombalgias mecânico-posturais crônicas, é necessário combinar aos medicamentos um trabalho de reabilitação postural, com fisioterapeuta, o que envolve a prática de exercícios como o método Pilates, a reeducação postural global (RPG) e o alongamento, entre outros, todos eles com o objetivo de recuperar a postura e fortalecer os músculos da região. "Existindo alguma doença específica, o tratamento deve ser adequado a ela”, sustenta o dr. Natour.
Apesar da altíssima freqüência da condição, a boa notícia é que dá para evitar essa dor, às vezes lancinante e, se você nunca passou por isso, tentar fazer parte dos 20% que nunca vão senti-la na vida. Há vários cuidados que podem ser incorporados à rotina diária , mas a prevenção das lombalgias passa obrigatoriamente pela prática regular de atividade física de baixo impacto, sempre sob orientação de especialista, pelo controle do peso corporal e, para quem fuma, pelo abandono do cigarro. Como se não bastasse a relação desse hábito com cânceres e doenças cardiovasculares, alguns estudos mostram que o tabagismo também está associado a um maior risco de episódios de dor nas costas.
Trate bem da sua coluna

• Antes da atividade física, faça exercícios de alongamento e aquecimento;
• Se você trabalha sentado, use cadeiras adequadas, que tenham um ângulo de 90º entre o assento e o encosto;
• Ao apanhar objetos no chão, dobre os joelhos, e não a coluna;
• Não gire o tronco enquanto carrega um objeto pesado e mantenha-o junto ao corpo;
• Prefira empurrar uma carga a puxá-la;
• Faça intervalos a cada uma hora e meia se você passa muito tempo na mesma posição, sobretudo sentado.

Paz e Luz !
El Capitán

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